Mulheres Extraordinárias

Mulheres Extraordinárias

O resgate histórico do legado, pela palavra escrita: Celebrando o Jubileu dos 50 Anos de vida da AJEB

* Por Dyandreia Valverde Portugal

AJEB - Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil tem por finalidade estimular a união de jornalistas e escritoras de todo o país, sob o lema: "A perenidade do pensamento pela palavra". Por meio de suas Coordenadorias estaduais, fomenta a harmonia nacional e internacional, promovendo o intercâmbio de conhecimentos, ideias, experiên- cias, amizade e respeito entre suas associadas e com associações congêneres, incentivando o aperfeiçoamento profissional das Ajebianas, por meio da participação em cursos, seminários, encontros culturais.

Na Coordenadoria da AJEB no Rio de Janeiro, buscamos realizar um processo de fomentação para a força feminina, promovendo as mulheres e proporcionando às mesmas a possibilidade de deixarem suas marcas, por meio da palavra escrita.

Promover a literatura feminina é uma bandeira importante a ser levantada e, juntas, somos muito mais fortes nesta tarefa. Por isso, esta- mos em constante processo de organização. O caminho é longo! Mas, como anunciava o cartaz das mulheres operárias, na Segunda Guerra, que se tornou um símbolo feminista: "Nós podemos fazer isso!" E é certo que podemos.

A Mulher é como a borboleta: passa por muitas transformações durante toda a vida. É Mulher, filha, esposa, mãe, amiga, profissional e tem o seu momento de voar mais alto como empreendedora, de construir. No caso das Ajebianas, também, de deixar um legado por meio da palavra, de querer mais para tornar-se plena.

Partindo deste princípio - e com o intuito de celebrar o "Jubileu dos 50 Anos de vida da AJEB" (em 8 de abril de 2020) - a Coordenadoria Rio de Janeiro (AJEB-RJ) criou e promove o projeto editorial Mulheres Extraordinárias - O resgate histórico do legado, pela palavra escrita. Trata-se de um livro que é realizado para promoção e divulgação da Cultura Brasileira Feminina em todo o território nacional brasileiro e para leitores de língua portuguesa, em mais de 20 países do mundo, nos cinco continentes. Por esse motivo, foi editado e promovido pela Rede Mídia de Comunicação e Editora Sem Fronteiras.

A criação e lançamento da coletânea Literária Mulheres Extraordinárias - O resgate histórico do legado, pela palavra escrita possui como objetivo geral a integração e o intercâmbio de escritoras e jornalistas de todas as regiões brasileiras. Como objetivo específico, a apresentação da biografia das grandes Mulheres Brasileiras que ajudaram a construir a nação, para que, por meio do resgate histórico, e pela palavra escrita, a AJEB-RJ possa colaborar para o registro perpétuo do universo feminino.

Portanto, cada uma das 73 coautoras que participam desta obra - 44 coautoras Ajebianas cariocas, 20 coautoras Ajebianas de outros estados e 7 coautoras convidadas especiais - escolheu para homenagear um nome de uma brasileira (ou naturalizada brasileira) de destaque, que, no passado, lutou e contribuiu para abrir espaços na literatura e nas diversas áreas da sociedade, até então, dominadas por homens. Mulheres encantadoras, inspiradoras e muito, muito, especiais.

Desta forma, neste importante trabalho, destacamos mulheres brasileiras de grande relevância e referência como pioneiras de alguma área, que contribuíram, significativamente, para a posição das Mulheres da atualidade. São escritoras, jornalistas, advogadas, atrizes, pintoras, cantoras, políticas, cientistas médicas e muito mais. 

Há menos de um século, as mulheres não tinham nem a metade dos direitos que têm agora, especialmente no que se refere à vida pública e política. Para chegarmos onde estamos hoje, centenas de mulheres tiveram que demonstrar ser excepcionais para ganhar terreno em um mundo dominado pelos homens, em favor da igualdade de direitos.

A mulher, hoje, é poderosa, dona de si. Uma mulher contemporânea, capaz de ser multifuncional, que conquista seu espaço, determina seu futuro, cria metas de conquistas profissionais; sem deixar de lado toda a ternura, toda a capacidade de ser mulher, de ter uma família, de amar, de ser amada. Porém, esse processo não foi fácil: continua em franca expansão, assim como a luta feminista, até hoje.

Analisando a história, constatamos que o Feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres, existente desde o século XIX. É preciso esclarecer que feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto o feminismo busca construir condições de igualdade entre os gêneros, o machismo é o comportamento que coloca o homem em posição de superioridade com relação à mulher. Não queremos tomar o lugar dos homens, e, sim, estar ao seu lado, contribuindo para o desenvolvi- mento de nossa nação.

Depois de anos de opressão e submissão ao controle masculino, que se fundamentam desde os primórdios do homem primitivo, as mulheres, à custa de muita luta - interna e externa - se lançaram de corpo e alma pela busca da sua igualdade social.

Foi a partir da Revolução Francesa, em 1789, que o papel da mulher na sociedade começou a alterar-se. A exploração e limitação dos direitos marcaram essa participação feminina e o gradativo acesso à igualdade entre os sexos.

No Brasil, o feminismo se manifestou tardiamente, apesar das primeiras duas décadas do século XX serem palco de uma breve emergência do movimento, caracterizado, principalmente, nas greves de 1917, na Semana de Arte Moderna de 1922 e, nesse mesmo ano, na fundação do Partido Comunista do Brasil.

Nesse período, com grande destaque, temos, por exemplo, Pagú. Escritora, jornalista, militante do Partido Comunista, que defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política. Foi a primeira bra- sileira do século 20 a ser presa política.

Em 1932, as mulheres conquistam o direito de votar no Brasil; no entanto, é também neste período que os padrões normativos da ideologia da domesticidade se constituem como ponto comum no meio social. Neste contexto, Nísia Floresta e Bertha Lutz são consideradas as pioneiras do feminismo no Brasil.

Apesar desses acontecimentos, é entre os anos 30 e 60 que assistimos à emergência de um expressivo movimento feminista. Em meio a um processo de modernização acelerado, as mulheres entraram maciçamente no mercado de trabalho e voltaram a proclamar o direito à cidadania, denunciando as múltiplas formas da dominação patriarcal.

Não posso deixar de citar Julia Lopes de Almeida, escritora, roman- cista, dramaturga, jornalista, ativista social, uma das principais integrantes do grupo de intelectuais idealizadores da Academia Brasileira de Letras, que só não pôde tomar posse em uma de suas 40 cadeiras fundadoras, por ser mulher, uma vez que os moldes desta fundação eram da Academia Francesa. Teve, então, que deixar seu marido Filinto Almeida, assumir a cadeira no seu lugar, ato que lhe custou ser conhecido como "acadêmico consorte". O veto à participação de mulheres na ABL só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5.

Contudo, é impossível citar todas as grandes mulheres que fizeram história e abriram caminhos. Algumas centenas, em todos os estados brasileiros, ouso dizer. Aqui, nesta modesta, porém significante obra, apenas 73 foram ressaltadas, na expectativa de que este seja um ponto de partida para novas pesquisas, estudos e debates.

O combate ao sexismo e todos os outros tipos de discriminações contra o gênero feminino devem ser o alvo central de debates em instituições, com foco na luta pela igualdade.

É preciso reforçar o desenvolvimento e reeducação social sobre os direitos que as mulheres devem ter na sociedade. Isso porque, ao longo dos anos, as mulheres enfrentaram muitas restrições nas diversas sociedades predominantemente machistas e patriarcais.

Hoje, família, trabalho, saúde, beleza são áreas da vida em que a mulher geralmente se cobra perfeição. Além das expectativas que ela impõe a si mesma, há também as pressões externas. Apesar de tudo, todas estão se saindo muitíssimo bem. Nenhum outro ser evoluiu tanto no último milênio!

Quando as mulheres falam em seu próprio trabalho, não esperam apenas pagar contas e fazer sucesso segundo os padrões do capital. Querem se realizar como seres que são capazes de mudar o seu próprio mundo e o mundo ao seu redor.

Na sociedade atual, começamos a nos acostumar a conhecer mulhe- res escritoras, pintoras, cientistas, médicas, políticas, advogadas, promotoras, juízas, ministras, até presidentes. Algumas em profissões nas quais, até poucos anos, era impensável encontrar uma mulher que pudesse obter êxito e reconhecimento.

Cada Ajebiana representa um pouquinho dessa Mulher atual, tão empoderada.

É importante que se esclareça que a AJEB não é uma associação feminista, mas uma associação feminina, que cria possibilidades de união para as mulheres jornalistas e escritoras, produzirem deixando um legado pela palavra escrita.

Desta forma, com este trabalho que temos em mãos, celebramos a força da Mulher pioneira. Com histórias recheadas de intelectualidade e intensidade, a AJEB-RJ traz à luz essa obra, alicerçada no talento de suas coautoras, numa leitura oportuna, pela beleza e riqueza de seu conteúdo.

Foi uma grande responsabilidade, para mim, organizar esta obra. Entretanto, cheguei ao final de mais essa tarefa, com a sensação de dever cumprido. E muito orgulhosa de minhas colegas. A escrita vem a ser, certamente, um caminho que essas mulheres escolheram para chegar a algum fim, para registrar sua existência e expressar-se perante o mundo. Com esta premissa, somos presenteados com essas construções literárias. 

Parabéns a todas as coautoras por fazer parte e contribuir para esta importante obra, que, a partir de agora, entra para a História, como um legado para a posteridade.  

DYANDREIA VALVERDE PORTUGAL - Escritora, Artista Plástica, Jornalista. Atua como Editora-Chefe da Rede Mídia de Comunicação e Editora Sem Fronteiras. Autora dos livros Conversa (A)fiada (Crônicas e Contos - bilíngue Português/Inglês) e Reconstruindo Castelos de Areia (Romance policial), participou, como coautora, em mais de 100 coletâneas. Atualmente, possui os seguintes cargos: Presidente Coordenadora da AJEB-RJ e Diretora de Gestão Cultural da entidade, a nível nacional; Presidente de Honra da ALALS - Académie de Lettres et Arts Luso-Suísse (com sede na Suíça); Vice-Presidente no Brasil da ACLAL - Academia de Ciências, Letras e Artes Lusófonas (com sede em Portugal); Vice-Presidente da ABD - Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais. Além disso, ainda é Diretora de Assuntos Internacionais da UBE/RJ - União Brasileira de Escritores e Representante Setorial da REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras.

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